sexta-feira, 5 de julho de 2013

Espiritismo






                                           

                                                                             Alan Kardec


Doutrina espíritaEspiritismo ou Kardecismo, é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. Esta é baseada em cinco obras básicas, escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos.



O Espiritismo é ciência, filosofia e religião.  É sempre o resultado do estudo, da pesquisa, da experiência, do autoconhecimento, da identidade com o Evangelho de Cristo, com a vida plenamente com o Criador.
O Espiritismo, como religião, é conhecimento, racionalidade, exercício consciente do ser.
A Doutrina dos Espíritos não simula que tudo está em ordem na Terra.  Ensina que tudo está em transformação evolutiva.  Reconhece que a diversidade é constante nas lides terrenas, sendo a dor, a desilusão, a injustiça, o sofrimento, o desencarne, instrumentos do conhecimento que caminham com o processo evolutivo do espírito humano.
O Espiritismo, como religião, ensina que a religião espírita não é simplesmente tudo aquilo que não se deve fazer, mas é aprendizado de livre-arbítrio; portanto, tudo aquilo que se deve fazer com respeito, dignidade, amor ao próximo e responsabilidade.
A religião espírita está sempre associada a ciência e a filosofia.  Quem a descobre e a exercita não só faz a consciência, o entusiasmo pela vida no presente, mas a construção dos alicerces para o futuro.
O Espiritismo, como religião, não é um conjunto, um sistema de idéias, com perguntas e repostas.  É a experiência de vida, o estudo, a pesquisa, o trabalho, o amor ao próximo, a fraternidade, a tolerância, a esperança, a compreensão, a fé racional.
A casa espírita, como universidade do povo, faz, trabalha o conhecimento que liberta, integrando disciplina e amor, bondade e responsabilidade, direitos e deveres, Evangelho de Cristo e vida.
O ensinamento espírita é o de que não devemos pedir a Deus que nos faça bons, mas que nos ajude a encontrar, pelo esforço próprio, pelo trabalho, pelo autoconhecimento, o bem, a luz, a verdade, a compreensão à evolução.
Não devemos pedir a Deus para que não sejamos magoados, hostilizados, injustiçados, rejeitados, repelidos ou mal-compreendidos, mas que Deus, nosso Criador, nos mostre, nos sensibilize, nos conscientize à paciência, à tolerância e ao espírito público para com o próximo.
A Doutrina dos Espíritos ensina que a prece é o diálogo com o Criador, é a força de tudo o que somos, é a nossa intimidade falando com a vida.
O Espiritismo trabalha permanentemente o processo da fé racionalizada, portanto os seu princípios representam instrumentos e instruções para o contínuo despertar.
Deus é amos, luz, esperança.
A Doutrina Espírita é razão.

                                  

Fundamentos Principais

A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
  • Existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade (Conforme está na primeira questão de "O Livro dos Espíritos" - "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".;
  • O universo é criação de Deus, incluindo todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais, que por sua vez, todos estão destinados a lei de evolução;
  • Existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito);
  • Volta do espírito à matéria (reencarnação), tantas vezes quanto necessário, como o mecanismo natural para se alcançar o aperfeiçoamento a perfeição. No entanto os espíritas não creem na metempsicose;
  • Conceito de "criação igualitária" de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente àperfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
  • Possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia).;
  • Lei de causa e efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
  • Pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo;
  • Jesus como sendo o guia e modelo para toda a humanidade. Segundo o espiritismo, a moral cristã contida nos evangelhos canônicos é o maior roteiro ético-moral de que o homem possui, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela humanidade.
Além disso, podem-se citar como características secundárias:
  • A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do espírito;
  • Progressividade do espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
  • Ausência total de hierarquia sacerdotal;
  • Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções, toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”;
  • Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispíritoreencarnaçãolei da evoluçãolei de causa e efeitomediunidadecentro espírita;
  • Total ausência de exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, horóscoposcartomancia, pirâmides, cristais, amuletostalismãs, culto ou oferenda a imagens ou altares, danças,procissões ou atos semelhantes, paramentosandores, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso e fumo, praticas exteriores ou quaisquer sinais materiais;
  • Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
  • Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.

                                      

                           

                                                                                      Cena do filme Ghost


Unanimidade da Reencarnação

Com relação à questão da reencarnação, há opiniões divergentes, como por exemplo ilustrado no V Congresso Internacional de Barcelona, 1934, onde ficou estabelecido que:
"...os espíritas latinos e hindus, representados pelos delegados da Bélgica, Brasil, Cuba, Espanha, França, Índia, México, Portugal, Porto Rico, Argentina, Colômbia, Suíça e Venezuela, afirmam a reencarnação como lei de vida progressiva, segundo a frase de Allan Kardec: 'Nascer, morrer, renascer e progredir sempre', e a aceitam como uma verdade de fato. Os espíritas não-latinos, representados no Congresso pelos delegados da Inglaterra, Irlanda, Holanda e África do Sul, consideram não haver demonstração suficiente para estabelecer a doutrina da reencarnação formulada por Kardec. Cada escola, portanto, fica em liberdade para proclamar as suas convicções a respeito de reencarnação."

O Conceito Bíblico

Sermão da Montanha

As bem-aventuranças são 9 ensinamentos que Jesus proferiu no Sermão da Montanha, segundo o Novo TestamentoMateus 5:1-12. Para o espiritismo estes ensinamentos são de grande importância, a seguir serão apresentados sobre a óptica espírita.
"Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados." "–Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados." "–Bem aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus" (Mateus, 5:4, 6 e 10). Segundo o espiritismo, somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. A fé no porvir pode consolar e infundir paciência no espírito que suporta as diversas anomalias terrestres com calma e resignação. Todavia não justifica as causas da diversidade dos males, das desigualdades entre o vício e a virtude, das deformidades e dos flagelos naturais. As vicissitudes da vida podem dividir-se em duas partes de acordo com a óptica espirita: umas tem suas explicações na vida presente, enquanto outras se encontram fora desta vida. Esta ultima causa na visão espírita é explicada pela pluralidade das existências em que o espírito encarnado paga os males que cometeu em vidas anteriores.
"Bem aventurados os pobres de espírito, pois que deles é o reino dos céus" (Mateus, 5:3). No entender da doutrina espírita, Jesus promete o reino dos céus aos simples e humildes em referência as qualidades morais do individuo.
"Bem aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus" (Mateus 5:8). A pureza do coração assemelha-se ao principio da simplicidade e humildade, que exclui toda ideia de orgulho e de egoísmo. Segundo o espiritismo, o emblema de pureza que Jesus toma pela infância não deve ser tomado ao pé da letra, "Então lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai que venham a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele", Marcos 10:13-15. O espírito da criança não podendo ainda manifestar nenhuma tendência para o mal, representa, momentaneamente, a imagem da inocência e da candura assemelhando-se aos espíritos puros. Contudo, as atitudes [boas ou más] tomadas pelo espirito em sua gradual caminhada evolutiva serão refletidas em seu comportamento.
"Bem aventurados os brandos, por que possuirão a Terra." "–Bem-aventurados os pacíficos, por que serão chamados filhos de Deus" (Mateus, 5:5 e 9). Segundo o espiritismo, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.
"Bem aventurados os que são misericordiosos, por que obterão misericórdia" (Mateus 5:7). A misericórdia consiste no perdão das ofensas, para a doutrina espírita o sacrifício que mais apraz a Deus é a reconciliação com os adversários, conforme está em Mateus 5:23-24.
Segundo o espiritismo, toda a moral cristã se resume neste axioma:
"Fora da caridade não há salvação" -Evangelho de Mateus 22-34; e Paulo Coríntios I, 13:1-7 e 13

Reencarnação

Para boa parte das religiões cristãs, a reencarnação está em desconformidade aos ensinamentos da Bíblia, a ressurreição, ao conceito de salvação e do eterno suplicio. Exemplificam a passagem do apostolo Paulo que determina o estado de toda a humanidade após a morte. "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo..." (Hebreus 9:27). Concluindo que o “juízo” refere-se a “condição final” em que todos os humanos serão julgados, vivos e mortos, estes últimos ressuscitarão.
Para a doutrina espírita, entretanto, a reencarnação foi confundida pelo nome de ressurreição, que significa literalmente "voltar à vida", resultando as diversas causas de anfibologia. A crença de que o homem poderia reviver é antiga e fazia parte dos dogmas judeus, porém não era determinado de que maneira o fato iria ocorrer, pois apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e de sua ligação com o corpo.Segundo alguns adeptos da doutrina o apostolo Paulo, na citação anterior, desvenda a duvida referente à ressurreição, desfazendo a crença da volta do espírito no corpo que já está morto para morrer segunda vez no mesmo, sobretudo quando os elementos da matéria orgânica já se acham dispersos e absorvidos pelo tempo, pois todos os homens morrem apenas uma vez a cada existência corpórea.Afirmam ainda que o "juízo" refere-se ao estado individual (não coletivo) que sucede a morte do corpo (erraticidade). Embora não resolva profundamente o problema da ambiguidade diversas passagens bíblicas enfatizam a reencarnação, segundo o espiritismo, em Jó 14:10-14 , Marcos 6:14-16, Marcos 9:11-13, e João 3:1-12.

Lei da Evolução

juízo final, representa, segundo a doutrina espírita, o processo de Regeneração da Humanidade, no qual a Terra sofrerá uma lenta transformação físico-moral, em que se separarão os espíritos que desejam seguir o caminho do bem daqueles que permanecerem no mal — evento simbolizado na parábola do julgamento das nações no Evangelho de Mateus 25:31-46, e pela parábola do trigo e do joio em Mateus 13:24-30. Todavia, essa desagregação não fará com que os "espíritos imperfeitos" permaneçam eternamente no sofrimento (situação semelhante encontrada no Evangelho de Lucas 15) , pois tudo que há no universo está destinado à lei de evolução.
A lei de evolução está intimamente ligada à reencarnação e a lei de causa e efeito. A doutrina espírita explica que, sendo o espírito dotado de livre-arbítrio, este responderá pelo bem ou mal que proporcionar a si mesmo e aos outros. A lei de causa e efeito procura explicar os acontecimentos da vida atribuindo um motivo justo que gera uma consequência proveitosa para o espírito. Através da reencarnação o espírito pode provar as experiências adquiridas na pratica do bem ou reparar o mal que praticou em anteriores encarnações.

Mediunidade

As religiões de matriz judaico-cristã entendem que, com a Lei dada a Moisés no Antigo Testamento, Deus interditou à antiga Israel as comunicações com o mundo dos espíritos e o uso de poderes sobrenaturais por eles concedidos. "… não haverá no meio de ti ninguém que faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, que interrogue os oráculos, pratique adivinhação, magia, encantamentos, enfeitiçamentos, recorra à adivinhação ou consulte os mortos (necromancia)" (Deuteronômio 18:10-14). Afirmam ainda que essa proibição é confirmada no Novo Testamento, pelas referências contidas nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos aos "espíritos impuros". A citação do apóstolo Paulo em Gálatas 5:20, afirma que quem pratica "feitiçaria" (ou bruxaria, o termo grego usado é farmakía… não herdará o Reino de Deus". (Na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, o termo é vertido por "espiritismo". Mas esta aplicação da palavra não se refere, por óbvias razões cronológicas, à doutrina espírita). É comum encontrar referências ao uso do termo Espiritismo para denominar outras doutrinas e cultos que não sejam aquela codificada por Allan Kardec.
Já para a doutrina espírita, a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, pois esta seria fundamentada em um fenômeno natural. A condenação bíblica, que também encontra apoio no movimento espírita, é a uso dos recursos mediúnicos para finalidades frívolas ou voltadas ao benefício próprio. Segundo ela, diversas passagens bíblicas exemplificariam a fenomenologia mediúnica, a exemplo de I Samuel 9:9, II Crônicas 16:7, e Mateus 17:1-8.
Ao mesmo tempo, a postura da Doutrina Espírita propõe que se avaliem os textos bíblicos, quando verdadeiramente originais, de forma crítica, levando em conta o seu patamar simbólico, em função dos recursos vocabulares e figuras de linguagem disponíveis à época, em ensinamentos dirigidos a um povo simples e sem repertório, e, consequentemente, desprovido das complexidades e riquezas linguística, cultural e material necessárias para a compreensão de conceitos que nem mesmo o homem atual, como todas as suas aquisições intelectuais, é capaz de compreender em toda a sua profundidade

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